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O Palco e A Praça
O Palco e A Praça
O Palco e A Praça
O Palco e A Praça
O Palco e A Praça
O Palco e A Praça
O Palco e A Praça

O Palco e A Praça

Apresentação por Luama

A praça é para o encontro. A praça é para o trânsito, o palco para o transe. Em qualquer tempo de descrença e abandono é preciso ter coragem para se estar na praça e no palco. Mais ainda é preciso perseverar. Estar disposto a se lançar ao desafio sem saber o resultado a que se chegará. É preciso luta e crença naquilo pelo qual se está lutando. Somente assim talvez se consiga tranformar as coisas de “o palco e a praça” para “o palco é a praça".


 

Palco e praça são palavras gerais que revelam ou ocultam multiplicidade de imagens, sobreposições de sentidos. Do ponto de vista histórico referem-se nomeadamente aos espetáculos que acontecem no Espaço dos Satyros; referem-se também aos espetáculos que acontecem no Teatro do Ator, no Espaço dos Parlapatões; refere-se à praça Roosevelt e às “Satyrianas”.
 

O olho de Walter Antunes capta sobretudo a beleza de instantes nesses lugares. O momento singular do espetáculo, elemento fugaz, transcende, pelo olho, a natureza de sua condição precária e torna-se possível permanência, com certeza persistência, quiçá referência.
 

O que habita a imagem de um palco? Aqui, o desenho é de um gesto. Atores perfazendo formas. Ali é um quadro. Um todo quase estático do espetáculo. Naquela outra: uma cena. Vislumbra-se o texto por trás. Há ainda as expressões. Os rostos contorcendo personagens. Mas também há a luz, a sombra, a verticalidade e a horizontalidade com suas bordas, as cores, os movimentos, os corpos em relação ao espaço compondo arquiteturas.
 

E do palco, o olho prossegue uma geografia que se completa com a praça. As linhas de carne, osso, luz e sombra do palco são equivalentes às linhas do concreto e paisagem da praça.
 

Mais uma vez a procura pela beleza. O fotógrafo capta os refolhos entre as curvas largas, planos horizontais em sobreposições sombreadas. Imagens que evocam talvez mais uma nostalgia do belo – pois que poucos o vêem a olho nu – do que sua presença intrínseca. As imagens da praça são como uma descoberta de algo que fica escondido, embora exposto. Paradoxalmente, a sensação de aridez é projetada em noções de aconchego. O olho abriga a paisagem tornando-a interiorizada, refinada. Numa variação, a arquitetura da praça compõe-se com as pessoas, compõe-se com a festa na rua, com a luz do sol, com a minguada vegetação, com os carros, com a encenação ou com a noite artificialmente iluminada.
 

No todo, a exposição O Palco e A Praça expressa a síntese de um movimento real, que se dá por um esforço de socialização, de ação humana, artística, urbanística, conjugando a intenção de se fazer um lugar para se estar, um lugar para ver, para mostrar, se mostrar, para se fazer, para usar. Trata-se da intenção de se manter um espaço vital, que seja uma fonte jorrando criatividade para além de si, através de si.
 

As imagens de Walter Antunes são vias, fios, braços dessa fonte. Fazem parte da irradiação de energia que emana da confluência entre o palco e a praça.

O Palco e A Praça

Exposições

Sesc Santo André

Santo André, São Paulo

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